Charles Darwin

A revolução biológica através da obra de Charles Darwin.


Olá amigos!

Me chamo Charles Robert Darwin (1809-1882) e mudei a visão de nosso passado, apesar de criticado e ridicularizado desde que comecei a trabalhar em cima da hipótese de que “as espécies se modificam gradualmente”, tornei-me o “Newton da biologia”. Comigo, a divisão entre ciência e religião se tornou oficial e permanente.

Eu descendo de uma família de intelectuais (meu pai foi médico), recebi uma educação severa e clássica. O diretor de minha escola secundária achava-me em jovem disperso: em vez de decorar vocábulos gregos e latinos, colecionava besouros de várias espécies. Não conheci meu avô, o médico Erasmus Darwin, falecido em 1802. Mas li o seu livro, Zoonomia, publicado em 1794, que criticara a visão fixista no campo da história natural e defendeu o transformismo das espécies, ao longo do tempo, em função de suas necessidades.

Com 16 anos, estudei medicina na Universidade de Edimburgo. Desisti desta, e fui estudar teologia anglicana em Cambridge. Em 1831, após ter sido aprovado em meu exame de teologia, viajei pelo norte do País de Gales a fim de estudar formações rochosas e pesquisar fósseis. Nos 3 anos de teologia, estive mais interessado por aves e insetos do que pelas matérias do meu curso.

Foi essa passagem pela teologia que me valeu o convite, conseguido por intermédio de meu professor (J. S. Henslow), para integrar como naturalista uma expedição no navio H. M. S. Beagle, da marinha inglesa, o navio de três mastros Beagle teria de fazer uma expedição de pesquisa e mapeamento das terras mais distantes e exóticas.

No ano de retorno da viajem em 1836, eu publicou um diário da viagem: Viagem de um naturalista ao redor do mundo. Relatava as observações realizadas mesclando olhar científico a uma descrição quase literária.

Nos 6 anos após o retorno da viagem, li uma grande variedade de publicações, livros de viagens, manuais de agricultura e horticultura, de criação de animais domésticos e de história natural; discuti com criadores e com peritos em diferentes cultivos; analisei e preparei esqueletos de aves domésticas; criei e cruzei diferentes variedades de pombos; reexaminei boa parte do material que havia coletado no Beagle.

À procura de uma explicação para a origem, a diferenciação e o desaparecimento das espécies de seres vivos, tomei como base teórica uma obra de Thomas Robert Malthus, Ensaio sobre o princípio da população, publicado em 1798. Malthus defendia a ideia de que aumento da produção de alimentos se dava em progressão aritmética, enquanto a população crescia em progressão geométrica. Isso acarretaria uma luta pela vida. O problema era, portanto, compreender “como é que a seleção podia se aplicar a organismos que viviam na natureza”.

No ano de 1858, Alfred R. Wallace, um jovem naturalista que trabalhava no arquipélago Malaio e que havia lido o meu diário, enviou-me um ensaio Sobre a tendência de as variedades se afastarem indefinidamente do tipo original.

Imediatamente tratei então de publicar o texto de Wallace, junto com um resumo de meu próprio manuscrito sobre a teoria da evolução, nos Anais da Sociedade Lineana de Londres.

Em 1859, finalmente, publiquei a Origem das espécies pela seleção natural, sustentando precisamente que as espécies se originam da seleção, pelo ambiente, das mais aptas entre as variações hereditárias existentes.

Na conclusão de A origem das espécies, contestei a criação especial, independente e direta de cada espécie por deus. Defendi as “leis impressas na matéria pelo Criador” que trata do desenvolvimento com reprodução, a variabilidade ligada à ação direta e indireta das condições de vida e do uso ou não uso, em ritmo de incremento numérico a tal ponto elevado que leva à luta pela vida e, consequentemente, à seleção natural, que por seu turno implica a diversidade de características e a extinção das formas menos aperfeiçoadas.

Eu não criei a teoria evolucionista. Antes de mim outros já a defenderam. Mas fui importante por ter acumulado dados para demonstrar a evolução e, em segundo lugar, através da teoria da seleção natural, por ter demonstrado como a evolução ocorre, rejeitando a tese criacionista.

A teoria de minhaautoria se baseava em 4 itens fundamentais:

  1. Numa mesma espécie, os indivíduos não são exatamente iguais entre si; existem os mais fortes e os mais fracos, os sexualmente mais atraentes e os menos atraentes, os mais adaptados às condições ambientais e os menos adaptados;

  2. As populações crescem numa proporção geométrica, enquanto as reservas alimentares para elas crescem apenas segundo uma progressão aritmética (Malthus);

  3. Face à desproporção entre crescimento de população e quantidade de alimento disponível, os indivíduos empenhar-se-iam numa luta pela vida (struggle for live);



ARENHARDT, Livio, Professor de Epistemologia da ciência na Universidade Federal Da Fronteira, maio de 2011, RS.